segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fio de ouro

 
 
A exemplo de outras escolas esotéricas, o sufismo exige do buscador a presença de um mestre vivo, de um guia como no livro de Attar.


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Quando William Blake escreve ''Eu te dou a ponta de uma corda de ouro, Apenas enrole ela numa bola; Ela te conduzirá á porta do Céu, Construída na muralha de Jerusalém'', ele não está usando uma terminologia privada e sim uma terminologia cujo rastro podemos seguir mesmo antes da EUROPA e segui-la através de DANTE ''questi la terra in s? stringe'' (Paradiso I.116 ), dos EVANGELHOS ''Ningún hombre viene a mí, excepto que el Padre… tire de él», San Juan 6:44, cf. 12:32 ), de FÍLON, y e de PLATÃO ( con sua «única corda de ouro» a que nós, as marionetes humanas, devemos agarrarnos e pelas quais devemos ser guiados, Leis 644), até HOMERO, onde Zeus pode tirar tudo de todas as coisas e até a si mesmo por meio de uma corda de ouro( Ilíada VIII.18 sigs., cf. Platón, Teeteto 153 ). E não é só na Europa onde o simbolismo do ''fio de ouro'' foi corrente por mais de dois milênios; tal simbolismo tbm se encontra presente em simbolismos islâmicos, hindus e chineses. Assim, lemos em Shams-i-Tabriz, «ELE me deu a ponta de um fio.… "Tira", disse "para que eu possa tirar: e cuida para que ele não se rompa com a ação"», e em Hafiz, «guarda sua ponta do fio, para que ELE guarde sua ponta''; no Shatapatha Brahmana, esse SOL é o nó ao qual todas as coisas estão atadas pelo fio do espírito, mientras que no Maitri Upanishad a exaltação do contemplativo se compara á subida de uma aranha pelo fio de sua teia; Chuang Tzsé nos diz que nossa vida está suspensa por Deus como se fosse um fio, que se corta quando morremos. Tudo isso se relaciona com o simbolismo do tecido e do bordado, os ''jogos de cordas entrelaççadas'', o cordel, a pesca com rede e a caça com laço; e com o simbolismo do terço, rosário e colar, pois, como nos recorda o Bagavad Gita ''todas as coisas estão entrelaçãdas com ELE como se fossem fileiras de pérolas em um fio''

 
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Tú poderás ver também, como estas unidades, como o sentido (sensus) remonta á razão, a razão á inteligência, a inteligência á Deus, onde o início e a consumação se encontram, num perfeito curso circular.


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A Alquimia gosta de imaginar sua opus (lápis philosophorum) como uma circulação,como destilação circular ou como 'uroboros' ou síntese perfeita que engendra o princípio e o fim, e nos descreveu este processo com numerosas imagens . Do mesmo modo que a representação central do lápis philosophorum significa o SI-MESMO, como se pode demonstrar, assim tbm o opus, com seus inúmeros símbolos, ilustra o processo inconsciente de individuação, istoé, a evolução gradativa do SI-MESMO de um estado inconsciente a uma completa TOMADA DE CONSCIÊNCIA. Por este motivo, a ''obra'' aparece como designação da matéria inicial (prima materia) tanto no inicío como no final do processo. O ouro - outro símbolo do SI-MESMO - surge, segundo Miguel Maier, do opus circulatorium (da atividade circulatória) do SOL. Este círculo é a linha reconduzida á si mesma e pela qual se conhece, verdadeiramente, aquele eterno pintor e criador de formas que é DEUS.

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